A recessão na indústria, que se iniciou em 2014 com retração de 3,3% em relação ao ano anterior, só deve chegar ao fim em 2017. O recuo por três anos seguidos, fato inédito na série histórica do IBGE iniciada em 2003, já é certeza entre analistas. Para este ano, o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central com as projeções dos principais agentes do mercado, projeta queda de 7% na produção industrial. Para 2016, o recuo esperado é de 2%. E quatro de cinco consultorias procuradas pelo GLOBO estimam quedas superiores a esse patamar, para os dois anos.
A Pesquisa Industrial Mensal (PIM), divulgada nesta semana pelo IBGE, mostrou que a atividade da indústria em setembro caiu 10,9% ante o mesmo mês de 2014, com queda de 1,3% em relação a agosto. O resultado da comparação anual foi o pior para o mês desde o início da série histórica. Foi a 19ª taxa negativa consecutiva e a mais acentuada desde abril de 2009 (-14,1%). De janeiro a setembro, a queda acumulada é de 7,4%.
Setembro é conhecido como o Natal da indústria, por ser o mês em que há alta nas encomendas, estimulada pela demanda do consumo no fim de ano. O fenômeno, porém, não ocorreu este ano. O economista-chefe da MB Associados, Sérgio Vale, prevê que 2015 será o pior resultado da série histórica. Atualmente, a maior queda é a de 2009: recuo de 7,1%, devido aos efeitos da crise internacional.
— No fim de 2009, estávamos em saída de recessão, iniciada no fim de 2008. Havia uma melhora robusta. Agora é diferente, chegamos em setembro não no final, mas no meio de uma recessão profunda que se prolongará por 2016. A porta de saída é só no fim do ano que vem - diz Vale.
Além de forte, a retração está sendo generalizada na comparação com setembro do ano passado. Ela alcança todas as quatro categorias econômicas analisadas, atingindo 24 dos 26 ramos, 68 dos 79 grupos e 76,8% dos 805 produtos pesquisados pelo IBGE.
Das quatro categorias pesquisadas, três apresentaram queda em setembro relação ao mês anterior. O dado positivo foi na categoria de bens de capital: alta de 1% no período. Bens intermediários caiu 1,3%; de consumo, 1,2%; e duráveis, 5,3%. Macedo, do IBGE, ressalta, porém, que o crescimento de 1% não compensa a queda acumulada no ano, que é de 25,2%. Fonte: O Globo